Seriema nos 70km 2013 - Pensa num sofrimeeeeeento sô!!!!

Mais um ano de 70km para a equipe Seriema. 
Eu (Johnny Bravo), Nilsinho Braz e Rubãounimos forças para participarmos dessa prova que foi duríssima! O Rubão achou mais fácil do que ano passado, mas eu e o Nilsinho, com certeza, achamos bem mais difícil (quase impossível).
Já estávamos planejando há algumas semanas nossas estratégias de corrida. Conversávamos muito num grupinho do Facebook sobre o que estávamos aprontando e fazendo para a prova. De início, como eu havia feito um reconhecimento da prova, foi-me delegada a função de “capitão” do grupo. Ao longo da prova, eu iria passar as orientações do que enfrentaríamos.
Infelizmente, esse ano eu e o Nilsinho (por motivos diversos), nos encontrávamos um tanto menos preparados fisicamente do que no ano passado (que tivemos que lidar muito com o azar de pneus furados). O Rubão, por sua vez, estava mais forte do que nunca. Além disso, juntando com o fato do circuito ser duríssimo e com pouquíssimos pontos que permitiam nos ajudarmos (leia-se: “um empurrar o outro”), foram todos os ingredientes para ter sido uma das provas mais duras que já participamos.
Já no dia que antecede a prova, fiquei quase duas horas para conseguir juntar todas as minhas tralhas. O nervosismo tomava conta geral. Acordando cedo e na companhia do caríssimo amigo William “Bolinha” que veio do Rio de Janeiro nos visitar, fomos ao local da prova (que diga-se de passagem, era show!!!!). Chegando lá, posicionamos o carro em um local estratégico e esperamos a chegada da caravana de Goiânia, com Nilsinho Braz e o Rubão e com nossa fortíssima equipe de apoio composto da Fabrine, Tiaguinho e do Felipe, fiote do Nilsinho.

No local da prova, reparei muito como as pessoas têm carinho e respeito pelo nosso grupo. Não só nós como pessoas (ciclistas), mas como membros do Seriema Pedal. Muitos foram os que elogiaram não só a nossa última presepada para a Chapada, mas também as nossas ações e filosofia de grupo como um todo. Inclusive, cada vez fica mais claro o “peso” da responsabilidade que temos em vestir o nosso manto.
A galera do Canedo acabou chegando faltando só meia hora para a largada. O nervosismo de nós três era muito visível. Desde o momento de colocarmos as plaquinhas nas bikes. Estávamos tremendo mais que vara verde. Ajustamo-nos muito rapidamente. Fomos em direção ao grid de largada faltando menos de dez minutos para a largada. Enquanto entrávamos na fila pra o nosso local da largada, olho para os pés do Nilsinho e do Rubão e quase caí duro: cadê o chip da cronometragem? No nervosismo, havíamos esquecido! Voltamos loucamente para o carro. Só faltavam cinco minutos para a largada. Eu achei que os chips estavam no banco da frente. Ao abrir o carro, K.D?!?!?!! Me desesperei! O Rubão levantou os olhos e os viu, em cima do carro. Implantamos eles nas sapatilhas muito rapidamente! Me recordo de ver as mãos do Rubão tremendo  muito, com dificuldades até de conseguir passar os tarapes nos buracos dos chips.
Tudo certo e foi a hora de nos posicionarmos.

No grid, discutimos um pouco mais sobre nossas estratégias de corrida. Destaquei sobre a importância de tomarmos cuidado com as descidas, que eram muito perigosas e havia grandes chances de termos problemas com pneus. Frisei da importância de não sairmos de bandeirada, pois a prova seria duríssima! E não só pelo percurso, mas também por tantas pessoas a mais que estavam na categoria Equipe Trio.
Quem participa de corridas, sabe o que é esperar a hora da largada. Borboletas na barriga, o imenso desconforto intestinal (leia-se: uma vontade indescritível de c*gar!) e demais desordens físicas tomam conta do indivíduo.
Felipe dá um grande abraço no Nilsinho e dá aquela força que só nossos filhotes sabem dar!

Está dada a largada!!!
Depois que abaixou a bandeira, já iniciamos a corrida em uma longa e inclinada estrada. As pernas se incharam e os narizes sentiram muito o ar seco de Brasília. Nos posicionamos relativamente bem para podermos entrar na sequência inicial de single-tracks. Fizemos as subidas muito bem, buscando na raça pontos de ultrapassagem. Nas descidas, dávamos o show que costumamos dar. A galera vibrava em nos ver sambando em cima das bikes e dando aula pros mais medrosos, como de praxe.
Fizemos a primeira parte do pedal muito bem. Para vocês terem uma idéia, os onze primeiros quilômetros foram feitos em 50 minutos. Duríssimo! Ali, calculo que estávamos entre os quatro primeiros. Porém, como eu já havia feito o reconhecimento anteriormente, percebi que estávamos andando acima do previsto. Mesmo assim, preferimos confiar na nossa animação e na nossa vontade. Continuamos socando a bota. Um pouco depois da metade do percurso, chegamos à subida do Jipe. Uma coisa fantástica. A inclinação e o tamanho, lembravam muito a Macaca, que temos em Bonfonópolis. Ao final da subida, já estávamos sentindo um tanto de cansaço, mas ainda estávamos bem. Subimos tão bem, que nos aproximamos de pelos menos duas outras equipes.

Depois, descemos ainda mais singletracks muito técnicos. Ao final da primeira volta, mais um pequeno top.
Ali, passamos a sentir um grande cansaço e sentíamos que estávamos pagando o preço por termos torcido o cabo demasiadamente no começo. O Rubão, como estava bem mais forte, nos soltou e se dirigiu rapidamente ao ponto de apoio.
Eis aqui, o que considerei o ponto mais alto de toda a competição: ver amigos e familiares vibrando muito por nós e fazendo de tudo para nos apoiarem e nos ajudarem. Foi fantástico pegarmos Coca-cola gelada, Gatorade e outros aditivos para nos re-estabelecermos e seguirmos com o desafio. O Filipe não sabia se tirava foto ou se entregava água. A Fabrine não sabia se brigava com o Rubão por ele estar esquecendo alguma coisa ou se dava orientações de como estávamos na competição. O Tiaguinho faltou subir nas bikes para seguir viagem conosco! Foi fantástico ver as pessoas que estão conosco vibram junto com a gente.
Barriga cheia e foi hora de seguirmos viagem.

Devo confessar que nesse tipo específico de competição (duas voltas em um circuito duro), faz com que muitos competidores fiquem com o psicológico muito abalado. Nós sentimos muito a “desordem mental” insistindo em querer nos desesperar, firmando o pensamento: “-vocês terão que passar por tudo aquilo da primeira volta de novo!”. E aqui, meus amigos, é que vale muito mais a força da cabeça do que o preparo físico em si (e para confirmar isso é só ver o número de pessoas desistentes na primeira volta).
Depois da ciclo-viagem, eu Johnny Bravo, havia recebido o apelido carinhoso de “Mudinho” pelos meus queridos amigos. Não sei bem o motivo........ Mas nessa competição, confesso que a minha sede de vitória me contaminou e o meu título de “capitão” que conhecia bem o percurso me subiu a cabeça. O tempo todo na primeira volta, falei muito! Muito mesmo! Tentando passar orientações do que estava pela frente. Na verdade, conversando entre nós, percebemos que o falatório todo estava sendo em vão. Assim, decidimos mudar de estratégia: o silêncio e o foco em concentração passaram a ser nossos aliados. Tentamos ao máximo focar o que passaria a ser nosso maior objeto: terminar a prova. No início, achávamos que nossos maiores inimigos seriam os concorrentes. No início da segunda volta, vimos que nosso maior inimigo seríamos nós mesmos. O desânimo e a fadiga começavam a nos dominar. E repito: era apenas o início da segunda volta.

No final da primeira longa subida da largada, trocamos algumas idéias sobre estratégias e pegamos a veloz descida numa estrada mais estreita, que não chegava a ser um single-track. Descíamos bem rápidos, mas sem abusar da sorte, pois sabíamos que um pneu furado naquela altura do campeonato custaria muito caro. No meio da descida, pelo lado da pista onde estávamos descendo (entre nós e a mata), DO NADA nos aparece um louco, descendo a milhão e acertou o Nilsinho em cheio! Levantou-se e ainda quis tirar satisfação. Ainda bem que o Rubão conseguiu nos segurar. Levantamos rapidamente, sacudimos a poeira e seguimos em frente. Nesse momento, acredito que o “mal veio para o bem”. O pedal foi reestabelecido num ritmo bem mais forte.

Seguimos fortes e em frente num top de singletrack. Avistamos alguns componentes de outras equipes totalmente mortos e devastados. Já passava de meio dia e meio. O sol escaldante e a secura nos matavam a passos largos. Em uma longa subida, fomos ultrapassados pelo mestreAbraão Azevedo. Até ele estava subindo num ritmo extremamente lento, na menor coroa e na maior catraca. Foquei nos dedos da mão dele e percebi que ainda procurava marchas da catraca para tentar aliviar o sofrimento..... tentativa essa totalmente em vão.
Desse momento em diante, conversamos e vimos que já estávamos chegando ao limite. E ainda nem havíamos chegado no meio da volta. Baixamos as cabeças e paramos para descansar. Nos consolávamos e tentávamos nos livrar da palavra “desistir” que parecia nos atingir a cada fisgada de câimbra ou a cada obstáculo mais forte que passávamos.

Arrastando, chegamos ao meio do percurso. Nesse local, passava-se muito perto da primeira subida da prova. Confesso que passei a um milímetro de sugerir aos amigos que desistíssemos. Que largássemos mão daquilo e que o sofrimento não valeria a pena.
Para quem sabe o que significa: “bateu um maaaaaallestaaaarrrdanaaaaaaaaaaado”. E ainda tínhamos pela frente a monstruosa subida que nos lembrava a subida da macaca (só que sem sombras). Demoramos uma eternidade para acabar com ela. Ali ficaram as últimas forças que tínhamos. Me recordo de nem me lembrar o que doía mais: as pernas na hora de subir ou o resto do corpo nas descidas insanas dentro de single tracks altamente técnicos.

Nossa fadiga era tanta que todos nós passamos muito perto de levarmos vários capotes nas descidas, por conta da desconcentração. Eram constantes os erros que nos faziam ir para o meio do lato.
Ao final, pegamos mais um top onde o companheiro William “Bolinha” nos aguardava ansiosamente com a câmera empunhada nos braços. Ele perguntou por que o cara de desolação. A gente só não mandou tomanoc* pq não tínhamos forças para isso! kKkkkk
Por fim: chegamos!
Nos abraçamos.
Porém, infelizmente, não tínhamos forças nem para comemorarmos.

Confesso que ao final, fui tomado por uma emoção muito forte (acho que não chorei porque estava tão desidratado que sairia só sal dos olhos... kkk).
Emoção não por termos andado aquém do que havíamos previsto. Mas por termos conseguido vencer (de uma forma ou de outra) a nós mesmos. Nossas limitações. A falta de preparo físico em si. Afinal de contas, um percurso daquele, é só para quem viu para acreditar.Para mim, particularmente, finalizar aquela prova que foi considerada uma das mais duras já vistas em nossas regiões, mesmo sem estar conseguindo me dedicar aos treinos da forma que queria, foi fantástico. Acredito que posso falar o mesmo pelo Nilson Braz. Alguns afazeres e contra-tempos envolvendo outras prioridades nossas deste ano andaram nos impedindo de levarmos os treinos um pouco mais a sério.
 Inclusive, acredito que posso falar por nós dois e pedir sinceras desculpas ao gigante Rubão, que está um monstro no preparo e que sofreu muito nos empurrando.
Depois da chegada e de nos reestabelecermos, foi só farra. Nos juntamos na beira do corgo, com algumas poucas (MUITAS!) latinhas de cerveja e fomos tirar onda um do outro das caras feias que fizemos ao longo do percurso. Isso, aliado às piadas de um cara que me tornei fã: Thiaguinho, foi só farra. Eis aqui o que foi, para mim, o grande troféu dos 70km 2013: ter pessoas queridas e nos incentivando verdadeiramente!!!!



O Nilsinho tá fazendo charminho, mas ano que vem tem mais!!!!
Por Gustavo Johnny Bravo
Seriema Pedal Roots!

P.S.: dessa vez não vou me desculpar pela delonga do texto. Vão tomar banho na soda! Eu não consigo escrever menos!

P.S. II: Agradecimentos especiais ao Felipe pelas fotos que ele tirou no ponto de apoio. Ficaram 10!!!
P.S. IV - bônus: fotografia tirada na volta pra casa:

Fotos tiradas por Felipe Braz (fih do Nilsin Braz)




4 Comentários para "Seriema nos 70km 2013 - Pensa num sofrimeeeeeento sô!!!!"

Anônimo disse...

Parabéns aos três, fiquei emocionada ao ler o texto e de saber o quanto pude servir ao grupo é o que gosto de fazer, motivar, dar força moral. E é isso!!!
Fabrine...

Nilsinho disse...

Mais uma vez, parabéns Gustavo pelo incrível relato!!!
Realmente, foi uma das provas mais duras de que já participei nestes poucos 11 anos de pedaladas pelas pirambeiras.
Classifico este percurso do 70 Km 2013 como um dos melhores pelo Brasil, ao lado também do percurso do Desafio do Mugy, também no D.F.
Foi mais uma vez, uma honra correr em equipe com estes camaradas. O Gustavo, sempre incentivador (além de falastrão, né Mudinho) e o Rubão, grande atleta, dedicado e merecedor de muito mais.
Agradecimentos sinceros à nossa Equipe de Apoio: Felipe, Rubens Bigarella, Catiane, Fabrine e William Bolinha.

Rubens Bike Giro disse...

Foi uma honra poder acompanhar a "saga" destes três Seriemas. Demonstração de garra e determinação. Tenho certeza que o ao olhar para o companheiro na frente e ver em suas costas o símbolo dos Seriemas,a vontade de chegar ao final ficava mais forte. BRAVOS guerreiros parabéns Nilsinho, Gustavo e Rubão.
Rubens e Catiane

Anônimo disse...

Seriema é Seriema, quanto pior melhor, se conseguir podio é bom, conseguir terminar uma prova também é bom, mas Ter espirito Seriema não tem preço ou seja, não é para qualquer um! por isso que são admirados e questionados por muitos !

Sandro Rodrigues (Seriema)